— Sabe o que quero dizer. — Daniel enrijeceu. — É arriscado demais achar que ela poderia compreender tudo sem...
Fechou os olhos para espantar a imagem das aterrorizantes chamas vermelhas. Mas elas estavam sempre ardendo no fundo de seus pensamentos, com a ameaça iminente de se espalharem como um incêndio florestal. Se contasse a verdade a ela e isso a matasse, dessa vez Luce realmente desapareceria. E seria culpa dele. Daniel não poderia fazer nada — não poderia existir — sem ela. Suas asas arderam com aquele pensamento. Melhor protegê-la por apenas mais algum tempo.
— Que conveniente para você — murmurou Cam. — Só espero que ela não fique desapontada.
Daniel o ignorou.
— Acha que ela vai conseguir aprender algo nessa escola?
— Sim — respondeu Cam lentamente. — Contanto que concordemos que ela não terá distrações externas. Isso significa nada de Daniel, nada de Cam. Esta precisa ser nossa regra fundamental.
— Acha que ela vai conseguir aprender algo nessa escola?
— Sim — respondeu Cam lentamente. — Contanto que concordemos que ela não terá distrações externas. Isso significa nada de Daniel, nada de Cam. Esta precisa ser nossa regra fundamental.
Não vê-la durante dezoito dias? Daniel não podia nem imaginar. Também não conseguia imaginar Luce concordando com isso. Acabaram de se encontrar nessa vida e finalmente tinham uma chance de ficarem juntos. Mas, como de costume, explicar os detalhes poderia matá-la. Ela não podia ouvir sobre suas vidas passadas através dos anjos. Luce ainda não sabia, mas, muito em breve, ela teria que compreender tudo... sozinha.
A verdade de que não se podia falar — e principalmente o que Luce acharia dela — aterrorizava Daniel. Mas Luce precisava descobri-la sozinha para se libertar daquele horrível ciclo vicioso. Por isso sua experiência na Shoreline seria crucial. Durante dezoito dias, Daniel poderia matar todos os Párias que atravessassem seu caminho. Mas, quando a trégua acabasse, tudo estaria nas mãos de Luce, mais uma vez. Nas mãos de Luce, e de mais ninguém.
O sol estava se pondo sobre o Monte Tamalpais e a neblina noturna se assentava.
— Deixe-me levá-la para a Shoreline — disse Daniel. Seria a última chance de vê-la.
Cam o olhou de um jeito estranho, pensando se deveria permitir. Mais uma vez, Daniel teve que fazer um esforço consciente para que as asas permanecessem em suas costas.
— Tudo bem — respondeu Cam, finalmente. — Mas quero a seta estelar em troca.
Daniel entregou a arma, e Cam a guardou dentro de seu casaco.
— Leve-a até a escola e então me encontre. Não faça besteira; estarei atento.
— E depois?
— Nós dois precisamos caçar.
Daniel assentiu e desenrolou suas asas, sentindo o profundo prazer de libertá-las correndo por todo o corpo. Ficou parado por um momento, juntando energias, sentindo a resistência cruel do vento. Hora de partir desse lugar amaldiçoado e feio, de deixar suas asas levarem-no de volta para um lugar onde podia ser ele mesmo.
— Nós dois precisamos caçar.
Daniel assentiu e desenrolou suas asas, sentindo o profundo prazer de libertá-las correndo por todo o corpo. Ficou parado por um momento, juntando energias, sentindo a resistência cruel do vento. Hora de partir desse lugar amaldiçoado e feio, de deixar suas asas levarem-no de volta para um lugar onde podia ser ele mesmo.
De volta para Luce.
E de volta para a mentira que ele teria que manter por mais algum tempo.
— A trégua começa à meia-noite de amanhã — falou Daniel, espalhando um jato de areia às suas costas enquanto subia e atravessava o céu.
E de volta para a mentira que ele teria que manter por mais algum tempo.
— A trégua começa à meia-noite de amanhã — falou Daniel, espalhando um jato de areia às suas costas enquanto subia e atravessava o céu.
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